
Júlia Pitta
5 Dicas para promover a pesca sustentável

A pesca é uma atividade milenar fundamental para garantir que todos tenham acesso à alimentos, ela é responsável por fornecer renda para diversas famílias em todo o mundo e é uma atividade recreativa para muitas pessoas. A pesca de organismos marinhos possibilitou avanços em diferentes áreas, permitindo que diversos produtos derivados da biodiversidade marinha fossem prospectados. Contudo, a sobre-exploração dos recursos pesqueiros foi, e ainda é, responsável por extinguir ou por causar prejuízos para muitas espécies.

A partir da revolução industrial ocorreu um aumento intenso na exploração dos animais marinhos, esse aumento foi um dos principais fatores para a perda de biodiversidade desse ambiente, sendo que durante esse período a sobrepesca foi responsável por uma diminuição de 30% da abundância dos estoques pesqueiros. Posteriormente, com a 2ª guerra mundial, houve uma diminuição das frotas pesqueiras, o que permitiu a recuperação de algumas espécies e consequentemente o aumento na abundância de alguns estoques. Esses dois eventos demonstraram a influência da pesca sobre a biodiversidade marinha, evidenciando a necessidade de realizar um manejo sustentável desse recurso. Até que em 1982, foi realizada a Convenção das Nações Unidas sobre a lei que estabeleceu a Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Onde foi decretado que dentro da ZEE os países devem conservar e administrar seus recursos vivos, procurando alcançar a Captura Máxima Sustentável (CMS) desses recursos. Porém, mesmo com essa lei e com os avanços nas artes de pesca, ainda hoje existem muitas práticas pesqueiras que não são sustentáveis, dessa forma, torna-se necessário rever nossos padrões de consumo para estimular métodos mais sustentáveis.
A seguir estão algumas medidas que podemos adotar para promover a pesca sustentável:
1- Conheça o que você está comendo e não consuma espécies ameaçadas.

Esse é o princípio para promover a pesca sustentável. Saiba qual pescado você está consumindo e busque entender a importância de consumir de forma responsável esse tipo de alimento.
O consumo de espécies ameaçadas de extinção é comum em algumas regiões do Brasil, muitas vezes são consumidas espécies de tubarões e de raias em risco de extinção, que além de estarem ameaçadas podem trazer prejuízos para a saúde humana por possuírem níveis elevados de metais tóxicos.
2- Utilize métodos para evitar a captura de fauna acompanhante.

Existem diversos métodos de controle de seletividade e de exclusão ou de minimização da fauna acompanhante, eles variam de acordo com a arte de pesca, alguns exemplos desses métodos são: O tamanho e formato da malha da rede de pesca, torilines, TEDs, formato de anzol, pingers, etc.
3- Dar preferência ao consumo de espécies que são mais resistentes à pressão pesqueira.
Algumas espécies, por exemplo: O Mexilhão chileno, a Ostra-do-Pacífico, a Ostra-do-mangue, o Salmão-chum, o Salmão-rosa, o Salmão-sockeye e as Vieiras, são mais tolerantes à pressão da atividade pesqueira.
4- Conhecer os períodos de captura e de comercialização permitidos das espécies que você consome.
Para promover a pesca sustentável é fundamental consumir o pescado certo, na época certa, pois algumas espécies possuem apenas um período do ano no qual podem ser capturadas e comercializadas, alguns períodos anuais são destinados para a recuperação dos estoques pesqueiros e são fundamentais para manutenção das espécies exploradas.
Confira no link a seguir quais são os períodos ideais para o consumo de algumas espécies populares no Brasil:
https://www.icmbio.gov.br/cepsul/defesosmoratoria-periodos-de-pesca.html
5- Cobrar políticas públicas que promovam a pesca sustentável.
Mudar a nossa forma de consumo é essencial para promover a pescaria sustentável, mas apenas isso não é suficiente. Novas políticas são necessárias para regulamentar o manejo dos recursos pesqueiros no Brasil, dessa forma, cabe a nós, cidadãos, cobrar de nossos governantes medidas que promovam a pescaria sustentável e que proíbam pescarias mais agressivas.
Seguindo essas dicas, podemos ajudar a evitar que novas espécies sejam extintas ou ameaçadas pela ação pesqueira. Além de promovermos a pesca sustentável para que as futuras gerações tenham acesso aos estoques pesqueiros existentes hoje.
As informações presentes neste texto podem ser encontradas em:
Castello J. P. 2007. Gestão sustentável dos recursos pesqueiros, isto é realmente possível? PanAmerican Journal of Aquatic Sciences, 2: 47-52.
Dias-Neto, J.; Dias, J.F.O. 2015. O uso da biodiversidade aquática no Brasil: uma avaliação com foco na pesca. Brasília: Ibama, 288 p.
https://www.wwf.org.br/consumoconsciente/
http://www.fao.org/publications/sofia/en/
https://www.icmbio.gov.br/cepsul/defesosmoratoria-periodos-de-pesca.html